(Ao menos uma vez por semana, publico um texto exclusivo para assinantes pagos deste blog. Este é um deles.)
(Há algum tempo, publiquei este texto no Twitter, mas como cansei de produzir conteúdo de graça para Elon Musk, Mark Zuckerberg e para o Google, vou reproduzi-lo aqui. Aliás, uma das funções deste blog será arquivar textos que criei para outros espaços que não me pertencem.)
Um dos projetos cinematográficos mais insanos dos quais já ouvi falar é o russo Dau - Degeneratsiya, que tem 355 minutos de duração (quase 6 horas) - e o aspecto absurdo da empreitada não é o tempo necessário para vê-lo, mas o modo como foi produzido.
Dau surgiu como um projeto comum: deveria ser uma cinebiografia do físico Lev Landau, premiado com o Nobel por suas pesquisas na área de mecânica quântica e que também era conhecido por transar com dúzias de mulheres (seu casamento era "aberto").
Pois bem: o cineasta Ilya Khrzhanovskiy conseguiu verba para o filme, mas então decidiu ampliar a escala do projeto. Em vez de construir sets tradicionais, ele decidiu construir... uma cidade. Esta "cidade" existiu entre 2009 e 2011, abrigando, ao todo, 400 atores (quase todos amadores) e cerca de dez mil figurantes. Mais de 700 horas de material foram rodadas. Dentro da "cidade", que passou a ser chamada de "O Instituto", todos usavam roupas de época (entre 1938 e 1968) e se comportavam como se vivessem no período stalinista em tempo integral. Havia "guardas" por todo o lugar que multavam quem usasse termos anacrônicos ou fosse flagrado usando celular - e eles tinham até dinheiro próprio, rublos da época, com números de série diferentes em cada cédula. Os atores e figurantes eram pagos com esse dinheiro e o gastavam no próprio Instituto.
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