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Os casos envolvendo abusos sexuais na indústria cinematográfica hollywoodiana são antigos, fartos e chocantes - e, na maioria das vezes, jamais punidos por lei. Isto mudou um pouco (ênfase em “pouco”) depois do #MeToo, que resultou na prisão de ao menos três monstros, Harvey Weinstein, R. Kelly e Bill Cosby, e no banimento (mesmo que temporário) de figuras como Kevin Spacey, Bryan Singer, Brett Ratner, Danny Masterson (que provavelmente será sentenciado à prisão em breve), Matt Lauer, Charlie Rose, Ron Jeremy (também preso), James Toback, entre outros. Aliás, a lista segue crescendo e envolve até nomes antes celebrados em canais focados em programação infanto-juvenil, como Dan Schneider.
No entanto, há outras formas de abuso tão graves quanto a sexual - e é destas que trata o livro “Burn It Down”, de Maureen Ryan, que já atuou como co-editora na “Vanity Fair” e publicou artigos em veículos como o “New York Times”, “The Hollywood Reporter”, “GQ” e várias outras.
Contando com entrevistas realizadas com dúzias de testemunhas (algumas anônimas, falando sob pseudônimo, e outras se identificando claramente), o livro discute os inúmeros casos de abuso psicológico e emocional infligidos por figurões de Hollywood, como o poderoso executivo Scott Rudin ou - o que muito me entristece - os showrunners de Lost (em especial, Carlton Cuse), que aparentemente transformaram a sala de roteiristas da série em um espaço onde o racismo, a misoginia e a xenofobia eram liberados. Ryan investiga também a exploração daqueles que ocupam a posição de assistentes na indústria, seja trabalhando para executivos ou celebridades, narrando circunstâncias degradantes que provocaram traumas permanentes nas vítimas e, em um caso documentado, o suicídio.
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