(Ao menos uma vez por semana, publico um texto exclusivo para assinantes pagos deste blog. Este é um deles.)
Minha primeira paixão foi a Chapeuzinho Vermelho. Na verdade, a versão da personagem que apareceu em um ou dois episódios da versão de Sítio do Picapau Amarelo lançada em 1977 e que trazia Zilka Salaberry como Dona Benta, Jacyra Sampaio como Tia Nastácia e André Valli como o Visconde de Sabugosa - um programa que eu assistia com devoção. (Um dos roteiristas era Marcos Rey, fazendo sua segunda aparição neste blog recém-nascido.)
Não lembro de quase nada sobre a história do episódio, mas numa pesquisa rápida para escrever este post encontrei a informação de que a personagem da fábula clássica visitou o sítio em “O Dia em que a Emília Morreu”, exibido em 1980. Eu tinha, portanto, cinco ou seis anos, dependendo da data em que foi ao ar. O que sei é que foi paixão imediata, daquelas que provocam um choro angustiado pela impossibilidade de se concretizarem - e algumas décadas depois minha mãe confessaria ter ficado surpresa com a rapidez e a intensidade dos sentimentos que seu inocente filhinho desenvolveu de modo tão inesperado.
O mais curioso é que, 42 anos depois, consigo quase sentir o aperto no coração que experimentei naquele período: certa noite, por exemplo, sonhei que estávamos namorando e, ao acordar, a constatação de que nada daquilo havia sido real já me fez sair da cama aos prantos. Porém, não me perguntem se a paixão era pela personagem ou pela atriz, pois eu não saberia responder, embora ache que tenha sido uma combinação de ambas.
Foi, de todo modo, uma experiência que à sua própria maneira já dizia muito sobre como eu lidaria com estas questões (paixão, amor, frustração romântica) daí em diante.
Dito isso, me ocorreu uma pergunta:
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